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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Mostra “A Engolidora” reitera a importância da floresta na sociedade na Galeria do Beco, em São Paulo

Obras de um grupo de artistas, com históricos estéticos distintos, celebram a força dos elementos naturais

A mostra coletiva “A Engolidora” abre sábado [19/11, a partir das 11h] na Galeria do Beco, na Vila Madalena, em São Paulo. Com curadoria de Icaro Ferraz Vidal Jr, tem obras das artistas visuais Cynthia Loeb, Isael Maxakali & Charles Bicalho, Maria Luiza Mazzetto, Rita Huni Kuin, Selva de Carvalho, Simone Fontana Reis e Yohana Oizumi. Na abertura, acontece a performance “Sou a floresta”, às 17h. A visitação é gratuita e segue até o dia 17 de dezembro de 2022.

O evento reivindica o protagonismo da floresta e dos animais no ano do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 e em meio à crise desencadeada pelas mudanças climáticas globais. A ideia surgiu de uma provocação da artista visual Simone Fontana Reis, cuja produção pictórica recente dialoga estética e tematicamente com a obra de Tarsila do Amaral.

“A despeito da radicalidade da antropofagia para o pensamento sobre a cultura brasileira, a ênfase no humano como alteridade a ser digerida precisa ser revista diante da nossa evidente inaptidão para nos relacionarmos com as plantas, os fungos, os minerais e os animais não-humanos”, afirma o curador Icaro Ferraz Vidal Jr, que fez o texto crítico da mostra “No início, os bichos não existiam” da artista visual Simone Fontana Reis, em cartaz em agosto/2022, no Massapê Projetos, em São Paulo.  

Diferenças complementares
A seleção de obras privilegiou a diversidade de mídias, linguagens e formatos (pinturas, desenhos, esculturas, instalações e vídeos, e uma performance). Além disso, foi privilegiado as singularidades das diferentes poéticas e não as semelhanças entre elas. O projeto expográfico propõe que o espaço expositivo seja povoado por essas obras que, em suas singularidades, comporão um ecossistema de imagens que têm o potencial de desarticular o antropocentrismo que organiza a relação com o mundo e com a vida.

Sobre as artistas

Cynthia Loeb
Nasceu em São Paulo/SP, em 1967, onde vive e trabalha. Formada em Educação Artística (1988) pela FAAP,  São Paulo. Frequenta o grupo de acompanhamento do Hermes Artes Visuais com Nino Cais e Carla Chaim e participou do curso de cerâmica com a artista Brisa Noronha (2019-2022). Já participou de diversas exposições com destaque para as individuais: “Qual a cor do seu véu? ” na Galeria f 2.8, São Paulo, SP. E das coletivas: “Fragmentos do ser e do sentir” (2022) com curadoria de Carollina Lauriano na Casa Abaeté.  “Romper a superfície é abrir um rio para dentro” (2022) no Espaço FONTE, São Paulo, SP. 13o Salão dos Artistas Sem Galeria (2022) na Zipper Galeria e Lona galeria, São Paulo, SP.  “Para mudar o estado das coisas” (2021) Espaço FONTE, São Paulo, SP. “Tudo de novo vira começo” (2021) no Edifício Vera, São Paulo, SP. “Cadernos de Artista” (2021) no Anexo LONA, São Paulo, SP. “W e Outras Letras” no Bar Balcão, São Paulo, SP. Salão de Praia Grande (2021), Praia Grande, SP. “Até a Terra” (2020) na New Gallery, com apoio da galeria Jaqueline Martins, São Paulo, SP. Arte Londrina 8 (2020) na UEL,  Londrina, PR. Sección Planta com Hermes Artes Visuais na Feira Ch.ACO (2019), Santiago do Chile. 16o Salão Ubatuba de Artes Visuais (2019) na FUNDART, Ubatuba, SP.  “No dia primeiro, no nono andar” (2019) na Lamb Arts, São Paulo, SP. Casa Parte (2019) com Hermes Artes Visuais, São Paulo, SP. Ganhou o Prêmio de 1o lugar no Salão da Praia Grande em 2021.

Isael Maxakali & Charles Bicalho

Isael Maxakali é professor na Escola Estadual Isabel Silva, na Aldeia Verde (Reserva Maxakali), em Ladainha/MG e membro da produtora Pajé Filmes, desde sua fundação em 2008. Filmografia: Tatakox (2007); Xokxop pet (2009); Yiax Kaax – Fim do Resguardo (2010); Dia do índio na Aldeia Verde (2010); Dia do índio na Aldeia Verde (2011); Xupapoynãg (2011); Kotkuphi (2011); Yãmîy (2011); Mîmãnãm (2011); Dia do índio na Aldeia Verde (2014); Quando os yãmîy vêm cantar conosco (2012); Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali (2016). Os Maxakali (Tikmû’ûn – palavra pela qual se autodenominam), são um povo de aproximadamente 2.000 indivíduos vivendo em cinco territórios no estado de Minas Gerias, no sudeste do Brasil. Falam a língua Maxakali, do tronco linguístico Macro-Gê, e praticam sua religião com base nos espíritos yãmîy.

Charles Bicalho é diretor, produtor, roteirista, coordenador de pós-produção, além de editor, diretor e produtor de vários filmes de curta-metragem. Membro fundador e coordenador da produtora Pajé Filmes. Graduado em Superior de Tecnologia em Design Gráfico no Instituto de Arte e Projeto (INAP), em Belo Horizonte, além de graduado em letras na UFMG. Tem especialização em pós-produção para cinema, tv e novas mídias pela UNA-BH. Master of Arts em Estudos Literários na University of New Mexico (UNM), EUA.Doutor em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da UFMG. Idealizador, organizador geral e curador da Mostra Pajé de Filmes Indígenas em Belo Horizonte. Filmografia: Caligrafilmes (2008); Making of Dicionário (2012); Pirapora (2012) e Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali (2016); Mãtãnãg, a Encantada (2019).

Maria Luiza Mazzetto
Nasceu em Ribeirão Preto/SP, em 1977. Vive e trabalha em São Paulo. Depois de ter cursado arquitetura e urbanismo pelo instituto Mackenzie e teatro no Célia Helena, realizou alguns cursos de ilustração com Laura Teixeira, Fernando Vilela e Odilon Moraes, história da arte com Renata Pedrosa, participou de encontros e leituras com Nancy Betts e acompanhamento de projetos com Monica Rubinho, Sydney Philocreon e no Hermes Artes Visuais, com Nino Cais, Carla Chaim e Marcelo Amorim. Iniciou sua produção em artes visuais em 2016. Desde então, participou de algumas exposições coletivas, do 44o salão de arte de Ribeirão Preto, do salão de arte de Jataí, em que seu trabalho velório foi referência especial do júri . Realizou as exposições individuais: Procura, em 2017 no Qualcasa , Interstício, também em 2017, na Sala da Praça e Dentro do Corpo, na temporada de projetos do Paço das Artes em 2019. Em 2018, participou da Kaaysá Art Residency, com mediação da Lucila Mantovani e realizou, junto com Anna Paes e Cristiane Mohallem, a exposição Refluxo. Integra, junto com outros 8 artistas, o Vão espaço independente de arte. Seu trabalho parte da observação da natureza. Essa natureza observada passa por processos de reinvenção, resultando em imagens-ficção.

Rita Huni Kuin
Nasceu em Jordão/AC, em 1994. É uma das fundadoras do grupo Kayatibu (coletivo de jovens indígenas multimídia que fortalece a cultura de seu povo, os Huni Kuin, ao mesmo tempo que reivindica igualdade de gênero. Lançado oficialmente em 2014, no coração da Floresta Amazônica, em um dos municípios mais isolados do Acre, o Jordão). Mora entre a cidade do Jordão e sua aldeia de nascença, Chico Curumim. Se apresenta como aprendiz da floresta e artista plástica tradicional e é formada em pedagogia. Entre seus trabalhos como artista, um dos mais recentes é a pintura que fez em um pufe de 15 metros em formato de jiboia para o Museu das Culturas Indígenas, inaugurado na capital paulista em julho de 2022.

Selva de Carvalho
É um nome/corpo criado por Stephanie de Carvalho Klabin, que nasceu em 1986, em São Paulo/SP, onde vive e trabalha. Formada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP (2009), atuou como arte educadora e posteriormente como coordenadora de projetos voltados à educação e conservação socioambiental de áreas e comunidades da região Amazônica, junto a diferentes órgãos, ongs e empresas. Transitou também por estudos nos campos da psicologia analítica, arte terapia e dança. O bordado e o desenho são bases importantes para o desdobramento da sua poética como artista visual, que trata principalmente das relações simbólicas, oníricas e orgânicas entre os elementos, corpos e forças naturais/sobrenaturais, visíveis/invisíveis.

Simone Fontana Reis
Nasceu em São Paulo/SP, em 1965, onde vive e trabalha. Iniciou suas atividades com tutoria de Leda Catunda e Sergio Romagnolo em 1995. Possui bacharelado e mestrado pela Central Saint Martins College of Art and Design (2002 e 2014). Participou de diversas exposições em São Paulo, Nova Iorque e também na Suécia, onde morou por 8 anos. Dentre suas exposições, destacam-se: Foreign Bodies, 2001 – com colaboração de cientistas da London School of Tropical Medicine, onde recebeu o primeiro prêmio da exposição. The Seeds Dance, 2004 – British Cultural Festival no Centro Cultural Britânico, São Paulo, onde também recebeu o primeiro prêmio. HOT ONE HUNDRED, 2013 na Schwartz Gallery, Londres. New Sensation, 2014, na Saatchi Art, Londres. Nem tudo que reluz é ouro, 2017, no Paiol da Cultura, Manaus. Pele D’Água, 2017, na Galeria Qualcasa, São Paulo. Participou dos salões Paranaense, de Ribeirão Preto, Vinhedo, Londrina e duas vezes do Salão de Santo André. Participou ainda da exposição coletiva Novos Viajantes, 2018, no MUBE, Museu da Ecologia e Escultura, São Paulo. Também recebeu o primeiro prêmio no 25o Salão de Artes Plásticas de Praia Grande/SP.
Seus trabalhos exploram fronteiras entre pintura, escultura, instalação e vídeo. Sua pesquisa resgata elementos da história ameríndia, com foco no feminino, e enfatiza a maneira como estas culturas mantinham relações com a natureza. Ao longo de duas décadas pesquisou orquídeas e florestas. A partir desta investigação, visitou três vezes a aldeia Kadiweu no Brasil Central, onde confrontou a teoria e a prática da pintura corporal com grafismos praticados exclusivamente por mulheres. Recentemente inaugurou o Projeto Maloca-Escola e Floresta junto com os índios Huni Kuins no Acre, cujo projeto visa melhorar as condições de vida desta população, o seu fortalecimento cultural, a proteção da floresta e o reflorestamento. No momento, realiza uma pesquisa que relaciona a sua produção, a inteligência da floresta e o mistério da Ayahuasca, que os índios consideram sagrada.

Yohana Oizumi
Nasceu em Rubiataba/GO, em 1989. Vive e trabalha em São Paulo. Graduada em  Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2019). Prioriza em seus estudos a vivência e a observação da transformação de materialidades e de si mesma. Através da performance, desenho, fotografia e escultura ela propõe provocações de possíveis leituras críticas a respeito de projeções sensoriais do desconstruir, reconstruir, lutar e ritualizar.  Participa da XXII BIENAL DE INTERNACIONAL DE CERVEIRA em Portugal e também do 50º SALÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA LUIZ SACILOTTO. Foi eleita uma das jovens artistas do ano de 2021 pela ArtConnect Magazine. E foi contemplada pelo edital FAMA Meios e Processos 2020. Participa de exposições como  (Brasil) CENTRO CULTURAL DOS CORREIOS, Instituto Tomie Ohtake Núcleo de Cultura, Residência Fonte, Edifício Vera, Casa Contemporânea, Goethe Institut. (Portugal) Bienal de Cerveira,  Galeria Ocupa, Centro para os Assuntos de Artes e Arquitectura.  (Coréia do Sul) CICA MUSEUM. (Cuba) FIVAC. (Lituania) Šiluva Art biennial’21. (Holanda) Vincent Van Gogh Photo Award.

Sobre o curador
Icaro Ferraz Vidal Junior nasceu em Niterói/RJ, em 1985. Vive e trabalha em São Paulo. Pesquisador, crítico e curador, doutorou-se em História, História da Arte e Arqueologia pelas Université de Perpignan Via Domitia e Università degli studi di Bergamo e em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente realiza estágio de pós-doutorado no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É pesquisador do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia (CISC/PUC-SP), do JUVENÁLIA – Culturas juvenis: comunicação, imagem, política e consumo (ESPM-SP), do MediaLab.UFRJ e do Grupo de Pesquisa Corpo, Imagem e Sociabilidade (UTP). Suas pesquisas e publicações mais recentes abordam questões ligadas ao corpo, à tecnologia, ao erotismo e à ecologia, sempre em diálogo com as práticas artísticas e curatoriais contemporâneas.


SERVIÇO RÁPIDO
Exposição coletiva “A Engolidora”
artistas: Cynthia Loeb, Isael Maxakali & Charles Bicalho, Maria Luiza Mazzetto, Rita Huni Kuin, Selva de Carvalho, Simone Fontana Reis e Yohana Oizumi
curadoria: Icaro Ferraz Vidal Jr.
abertura: 19.11.2022, das 11h às 19h (sábado)
performance: “Sou a floresta” (19.11.2022, 17h) Alan Montoya, Aline Perez, Cynthia Loeb, Giana Viscardi, Ana Paula Perez, Renata Leite, Selva de Carvalho, Simone Fontana Reis e Yohana Oizumi
visitação: até 17.12.2022
segunda a sábado, 10h às 17h
local: Galeria do Beco
rua dr. josé almeida camargo, 166
vila madalena – são paulo – sp – 05436-040
[100 metros do Beco do Batman]
tel: (11) 93271.0507
site:cozinhadobeco.com.br
valor: gratuito

Autor:

Erico Marmiroli  

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