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Setembro Amarelo: mais de 80 municípios do Pará criam fluxo de atendimento pela saúde mental de adolescentes

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A ação integra o conjunto de respostas aos impactos na saúde emocional de adolescentes, agravado na pandemia, em uma agenda estratégica conduzida pelo Selo UNICEF.

Belém (PA) – O cenário dos impactos à saúde mental de adolescentes, principalmente durante a pandemia, movimentou os 124 municípios paraenses que fazem parte do Selo UNICEF, edição 2021-2024. Os municípios, durante aproximadamente cinco meses, identificaram as principais demandas e necessidades em saúde mental de adolescentes, e mapearam equipamentos, projetos e recursos humanos de promoção à saúde. A ação integra um conjunto de estratégias do Selo UNICEF, edição 2021-2024, que visa melhorar os indicadores sociais ligados às infâncias e adolescências, e até o momento, 84 municípios concluíram este processo, que teve como resultado a criação do fluxo de atendimento à saúde mental para adolescentes. Este documento, por sua vez, norteará a implantação do serviço psicossocial especializado até 31 de dezembro de 2022. 

O bem-estar psicológico é grande neste contexto de pandemia, que impacta a saúde emocional de crianças e adolescentes. Em agosto de 2022, estudantes entre 11 e 19 anos ouvidos em pesquisa do Fundo das Nações Unidas pela infância (UNICEF), em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), afirmaram que é necessário que a escola ofereça atendimento de profissionais para apoio psicológico (80%), e espaços em que eles possam falar sobre os sentimentos (74%). Segundo os entrevistados, no entanto, esses dois itens nos três meses que antecederam a pesquisa, só foram oferecidos por 39% e 43% das escolas, respectivamente.

A psicóloga e Mestra em educação, Alessandra Xavier, da Universidade Estadual do Ceará, consultora responsável pela criação dos documentos auxiliares e formação das equipes técnicas dos municípios, para a criação dos fluxos em saúde mental no Selo UNICEF, reafirma que o papel da escola é fundamental no fortalecimento do bem-estar psicológico de meninos e meninas. “O ambiente escolar precisa ser acolhedor e oferecer proteção, recursos de fortalecimento da autoestima e de confiança na capacidade de resolver problemas”, declarou a consultora durante a primeira aula virtual de construção do fluxo de saúde mental em junho de 2022. 

Mobilização intersetorial pela saúde mental

Paraupebas é um dos 84 municípios paraenses que concluíram a elaboração do fluxo de atenção à saúde mental de adolescentes. O supervisor da rede atenção psicossocial do município, Wagner Dias Caldeira, celebra os avanços conquistados por meio da elaboração do documento. “Ao construir a biblioteca do cuidado nós observamos que não conhecíamos todas as potencialidades do município. Nós identificamos associações, serviços e pessoas que desenvolvem ações que podem ter um fator protetivo para saúde mental de crianças e adolescentes”, reflete Wagner. Ao todo mais de 100 instituições e iniciativas foram mapeadas durante a elaboração do fluxo. 

Outro ponto destacado por Wagner é que as ações de promoção da saúde mental, antes da elaboração do fluxo, estavam muito centralizadas na inauguração de espaços de saúde especializados neste atendimento. “A gente pensava de forma muito isolada. O Selo UNICEF nos trouxe a ideia de rede. Hoje, já compreendemos que o cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes deve ser feito em todos os lugares, principalmente em rede, e não de forma isolada”. 

Adolescentes e a saúde mental 

Para  Jhonata Pinheiro, 16 anos, integrante do Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA) de Parauapebas, uma de suas maiores preocupações quando se fala em saúde mental é quando o estado de sofrimento da pessoa é tão grande a ponto de se automutilar ou até mesmo cometer suicídio. 

Quem vê Jhonata ser um protagonista e defensor da causa não imagina que ele já chegou a pensar que sofrimento emocional era “frescura, coisa de louco ou de quem é fraco”. Após participar de encontros, palestras e rodas de conversa sobre o tema, principalmente em sua escola, a percepção mudou radicalmente. “Precisamos ter consciência e informações sobre o assunto, até para que possamos ajudar outros adolescentes”.

Para apoiar na campanha do Setembro Amarelo, o NUCA de Parauapebas tem feito ações de sensibilização nos lugares onde adolescentes e jovens estão muito presentes: as redes sociais. De adolescente para adolescente, Jhonata acredita que o diálogo flui melhor. “Acho que devemos ter experiências próximas à nossa realidade, ouvirmos realmente a realidade de alguém que tem a mesma faixa etária que a gente, não ficar naquela superficialidade de um adulto falando coisas que às vezes parecem aleatórias, sendo que um adolescente às vezes pensa muito diferente de um adulto”, declara o rapaz.

Selo UNICEF

O Selo UNICEF é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para estimular e reconhecer avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira. Nesta edição, a saúde mental de crianças e adolescentes é um dos temas a serem trabalhados pelos municípios que aderiram à estratégia. No Pará, a estratégia tem como parceria técnica o Instituto Peabiru, e o apoio da Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará, Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó, Secretaria de estado de Educação (Seduc-PA), Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca), Tribunal de Contas dos Municípios e Ministério Público do estado. 

Para acompanhar as ações do Selo UNICEF: www.selounicef.org.br 

Lista de municípios que elaboraram o fluxo de saúde mental para adolescentes no Pará:

  1. Abaetetuba
  2. Acará
  3. Afuá
  4. Almeirim
  5. Altamira
  6. Anajás
  7. Ananindeua
  8. Augusto Corrêa
  9. Bagre
  10. Baião
  11. Barcarena
  12. Belterra
  13. Benevides
  14. Bragança
  15. Breu Branco
  16. Breves
  17. Bujaru
  18. Cachoeira do Arari
  19. Canaã dos Carajás
  20. Capitão Poço
  21. Castanhal
  22. Conceição do Araguaia
  23. Concórdia do Pará
  24. Curionópolis
  25. Curralinho
  26. Curuá
  27. Curuçá
  28. Dom Eliseu
  29. Eldorado do Carajás
  30. Garrafão do Norte
  31. Goianésia do Pará
  32. Inhangapi
  33. Irituia
  34. Itupiranga
  35. Limoeiro do Ajuru
  36. Mãe do Rio
  37. Magalhães Barata
  38. Marabá
  39. Marapanim
  40. Marituba
  41. Medicilândia
  42. Mocajuba
  43. Moju
  44. Mojuí dos Campos
  45. Nova Ipixuna
  46. Novo Progresso
  47. Óbidos
  48. Oeiras do Pará
  49. Oriximiná
  50. Ourém
  51. Ourilândia do Norte
  52. Pacajá
  53. Paragominas
  54. Parauapebas
  55. Piçarra
  56. Placas
  57. Ponta de Pedras
  58. Portel
  59. Rio Maria
  60. Rondon do Pará
  61. Salinópolis
  62. Salvaterra
  63. Santa Bárbara do Pará
  64. Santa Cruz do Arari
  65. Santa Izabel do Pará
  66. Santarém
  67. São Caetano de Odivelas
  68. São Domingos do Capim
  69. São Félix do Xingu
  70. São Francisco do Pará
  71. São João de Pirabas
  72. São João do Araguaia
  73. São Miguel do Guamá
  74. São Sebastião da Boa Vista
  75. Terra Santa
  76. Tomé-Açu
  77. Tracuateua
  78. Tucumã
  79. Tucuruí
  80. Ulianópolis
  81. Vigia
  82. Viseu
  83. Vitória do Xingu
  84. Xinguara

Autora:

Alessandra Xavier

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