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domingo, 1 de setembro de 2024

Autoconhecimento dos empreendedores: qual a importância para os novos negócios?

Precisamos falar sobre autoconhecimento e visão empreendedora, as quais possuem o racional simples: se está colocando toda a sua energia, sangue, suor e lágrima em algo que está profundamente alinhado e conectado a você, ou seja, o seu propósito, todo o resto fica mais fácil.

Mas para que isso aconteça, primeiramente, é necessário identificar o que de fato te move, qual é a chama que está dentro de você. É preciso fazer uma imersão para se autoconhecer. E para exemplificar um pouco mais sobre isso, compartilho um pouco da minha própria história.

Por muito tempo, eu não fazia ideia nem do que era propósito. Eu tinha ali um ideal, objetivos, que obviamente eram muito pautados no que via dentro de casa. Me formar em engenharia, crescer em cargos gerenciais dentro de uma multinacional e dar uma boa vida para minha família, foi meu drive durante algum tempo, pois desde quando eu era mais novo, já pensava no futuro.

Eu até tinha vontade de ser dono do meu próprio negócio, até por uma questão de que eu curto muito independência, mas esse plano sempre ficou de lado, por conta das crenças, as quais era exposto e, também, pela falta de referências, de uma rede de apoio.

Até que, em 2014, quando eu tinha 23 anos, fui aprovado em um mestrado profissional nos Estados Unidos com bolsa integral. Na época eu vi aquilo como uma oportunidade de ir para fora, me capacitar em uma das melhores universidades relacionada ao que fazia, voltar e acelerar meu tempo na esteira corporativa. Mal sabia que aquela experiência, na verdade, ia mudar completamente o rumo da minha vida.

Quando cheguei nos EUA, me abri para experiências das quais eu nunca tinha participado, enquanto estava no Brasil. Eu estava muito determinado a me conectar mais comigo mesmo. Então, meditação, yoga, além da minha rotina de treinos, foram coisas que começaram a fazer parte do meu dia a dia. 

Na época, eu achava que o que eu fazia e minha formação em si me impediam, me limitavam a fazer algo bom ou deixar um legado para o mundo. Olhando agora, eu vejo o tamanho da bobagem que dominava a minha cabeça, mas eu imagino que possa ser algo que também passe na cabeça de muitas pessoas. Além de ser comum que a gente acabe, como ser humano, diminuindo o próprio impacto que podemos ter na mudança do mundo, na vida das pessoas.

Com a minha virada de chave é que de fato eu encontrei o meu propósito. Cheguei a ter uma visão clara do que me movia. Eu percebi que meu propósito era impactar positivamente o mundo, tornando-o mais sustentável possível. E foi esse pensamento que me guiou ao longo dos últimos anos. Até que, em 2021, decidi sair do negócio que eu mesmo tinha criado, e então veio uma guerra interna muito forte com relação ao meu propósito. 

Depois de muita reflexão, meditação e terapia é que eu tive a clareza de que o Fernando é um empreendedor com o propósito de criar negócios que impactem o mundo positivamente. Esse é o meu legado. Sustentabilidade sempre fará parte de quem eu sou, sempre será um pilar core de todos os meus negócios, mas não necessariamente a única coisa, o único tema. Essa clareza foi um alívio e é nisso que estou depositando todo meu foco e energia agora.

Bom, mas por que eu contei toda essa história? Para provar que não é preciso ser um super guru ou monge para descobrir seu propósito, a sua essência. Basta estar disposto a fazer essa viagem interna. Empreender é uma viagem tortuosa, cheia de altos e baixos, igual uma montanha russa. E para passar por isso, é preciso ter muita resiliência, estar muito conectado ao negócio, fazendo com que todo fardo, dores e desafios fiquem mais fáceis de passar. E é aí que vem o autoconhecimento e o propósito.

Para te ajudar nessa reflexão, compartilho um framework de descoberta de propósito, uma metodologia de três passos criado por Simon Sinek, são eles: 

  • Reunir e compartilhar histórias: para Simon o propósito é a descrição de quem nós somos, e por isso recorremos à memória, procurando por momentos e experiências que geraram conexão emocional, ou seja, que realmente impactaram nossa vida.
  • Identificar temas: enquanto estiver vasculhando o passado, sua história, é possível perceber e agrupar as memórias de acordo com temas, sendo elas as bases dos porquês. 
  • Desenhar e refinar a afirmação do porquê: essa declaração deve ser clara, simples, orientada ao impacto, acionável e criada com palavras que mexem com os sentimentos.

Por fim, o framework criado por Sinek, em tradução livre, fica assim: “Quero ____ para que ____”, sendo o primeiro espaço a sua contribuição e o segundo é o impacto gerado por ela. Para ficar mais fácil, trago um exemplo criado pelo Simon, “Quero inspirar pessoas a fazer o que as inspiram, para que elas possam transformar o mundo”. 

Contudo, de toda forma, lembre-se que encontrar o propósito é um processo, então tenha compaixão consigo mesmo também. Seja lá com o que for empreender, com certeza, investirá anos da sua vida, dedicação e comprometimento. Então vale muito a pena, parar agora, dar uma respirada, refletir, se conectar com você mesmo e começar algo que esteja conectado e alinhado com o que acredita.

Autor:

Fernando Senna é cofundador da Start Empreendedor, edtech criada por empreendedores para empreendedores, com o propósito de apoiar em todas as etapas da jornada de uma startup, da fase inicial a aqueles que já estão prontos para escalar o seu negócio. Faturou mais de R$ 100 milhões em menos de sete anos como empreendedor.

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