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domingo, 23 de junho de 2024

A História do Futuro

O Que Aconteceu em Manchester e Nas Oficinas Caseiras da Inglaterra Mudou o Mundo, e Pode Acontecer Novamente

Em 1766, James Hargreaves estava visitando um amigo, quando uma roda de fiar tombou a seu lado. Por alguma razão ela continuou girando, até que algo naquela situação instigou uma imagem mental em Hargreaves: _ uma sequência de fusos, lado a lado, tecendo vários fios de algodão simultaneamente.

Ao voltar para casa ele começou a entalhar em madeira a geringonça que havia imaginado, com fusos interligados por correias e roldanas. Muitas versões depois ele havia inventado a máquina de tecelagem movida a pedal, em que um único operador podia tecer até oito (8) fios ao mesmo tempo.

Assim, a máquina multiplicava por oito a produção de um único trabalhador, fator que podia ser ampliado com facilidade. E aquilo era apenas o começo.

Não havia nada de novo nas máquinas têxteis em si. Afinal, os egípcios tinham teares e os chineses usavam estruturas para a tecelagem da seda, em 1000 a.C. A roda de fiar movida a mão foi introduzida na China, no mundo islâmico no século XI e o tear movido a pedal apareceu no século XVI.

As primeiras máquinas de tecer não foram revolucionárias; porém, a invenção de Hargreaves – junto com a máquina a vapor e com os teares mecânicos que surgiram depois – deflagrou a Revolução Industrial.

Por quê? Os historiadores concordam quanto a alguns pontos. Primeiro que, ao contrário da seda, da lã e do cânhamo, o algodão era acessível a todos. Tratava-se apenas da fibra mais barata e mais disponível no mundo.

Segundo que, a máquina de tecelagem movida por correias e roldanas, foi concebida para distribuir a energia de um ponto central para qualquer número de mecanismos paralelos.

De início era a força dos músculos, mas o mesmo princípio podia utilizar fontes de energia muito mais poderosas para impulsionar ainda mais fusos.

Finalmente, ela chegou na hora certa e no lugar certo, pois a Inglaterra passava por um período de renascença intelectual no século XVIII, com uma série de leis de patentes que conferiam aos artesãos incentivos não só para inventar, mas também para compartilhar suas invenções.

Em junho de 1770, Hargreaves protocolou o pedido de patente referente a uma versão da máquina de tecelagem, capaz de girar, esticar e torcer 16 fios ao mesmo tempo.

O período decorrido entre o pedido de patente e os primeiros protótipos significava que outras pessoas já estavam usando sua invenção quando a patente foi concedida, dificultando para ele o exercício de seus direitos de propriedade e, pior ainda, a máquina fez inimigos.

A começar pela cidade de Hargreaves, a mágica da multiplicação da produtividade, realizada pela máquina de tecelagem, foi malvista pelos artesãos locais, cujas guildas controlavam a produção há séculos.

Movida pela queda nos preços dos fios e pela fúria dos tecelões locais, uma multidão se dirigiu à casa dele e destruiu as estruturas de 20 novas máquinas. Hargreaves partiu para Nottingham, onde a florescente indústria de roupas de algodão precisava de mais fios. Ele morreu em 1778, depois de ganhar algum dinheiro com sua invenção, longe de ser rico.

Enquanto isso, as colônias americanas declaravam independência e entravam em guerra com a metrópole e, em 1776, James Watt inventou a máquina movida a vapor. Embora a simultaneidade com a Independência seja coincidência, a conexão entre os dois fatos não foi mero acaso.

A Inglaterra enfrentava dificuldades para sustentar seu império com base apenas na extração de recursos. A metrópole precisava aumentar a produção no próprio país, onde os custos eram menores.

A mecanização da agricultura e os implementos agrícolas já haviam aumentado enormemente a produção das fazendas inglesas. O advento de máquinas para transformar mercadorias agrícolas em produtos industrializados vendidos em todo o mundo, acenava com a oportunidade de converter a Inglaterra de potencial global baseada na força em potencial global baseada no comércio.

Porém, seu maior impacto foi no próprio país, onde o efeito imediato foi não só mudar a paisagem, mas também elevar o padrão de vida de milhões de ingleses.

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Julio Cesar S Santos
Professor JULIOhttps://profigestaoblog.wordpress.com/
Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial, especialista em Marketing Estratégico

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