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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Mistério na praia

Numa manhã de verão, caminhava por uma praia deserta, onde se ouvia uma sinfonia linda, composta pelo barulho das ondas do mar batendo nas pedras, em sintonia com os sons grunhidos pelas gaivotas. Um paraíso, sem perigo aparente. Quando cheguei nas pedras, vi uma entrada no meio de um enorme paredão, perto de alguns arbustos compondo a paisagem. Era um buraco com a altura de uma porta. Não resisti, e entrei. À medida que penetrava me deparava com uma enorme caverna, desci por mais alguns metros, e lá no fundo uma surpresa. Vislumbrei um grande barco, ainda intacto, desci mais e mais, até alcançá-lo, era todo de madeira maciça, e não apresentava nenhuma avaria. Como será que este barco foi parar ali, perguntei-me?

O ambiente, pouco iluminado, apenas frações dos raios de sol, que vinham de algumas frestas da camada superior da grande galeria, na verdade, produzia um cenário, envolto por uma penumbra, úmida e misteriosa.

Quando, dentro do barco, encontrei alguns utensílios domésticos, panelas, xícaras, colheres, um rolo de corda, machadinha, e uma vela de pano branco, meio suja, e enrolada, no pé do mastro. Continuei a exploração, então algo se mexeu, senti calafrios, e o medo tomou conta de mim. Percebi ruídos estranhos. Pensei, será que alguém mora aqui?

Mesmo amedrontado, a curiosidade me empurrava para o desconhecido. Havia algo por ali. No meu íntimo um alerta, perigo! Havia barulhos, e sussurros esquisitos, similares a muitas vozes, conversando ao mesmo tempo. Insisti, e comecei a desenrolar àquela vela suja, para matar a minha curiosidade. Ela parecia ter sido enrolada por um marinheiro profissional. Dobra a dobra, pronta para navegar. Cutuquei-a com um pedaço de madeira, mas com muito cuidado, tentando desenrolá-la. Foi então que levei um susto danado, tropecei num esqueleto humano, que se desmanchou, e ao mesmo tempo saiu de dentro das dobras, algo que parecia uma enorme serpente, e deu um bote em direção ao meu pescoço. Certamente me pegaria, se eu não tivesse sido ágil o suficiente para me desviar. No movimento impulsivo, e brusco, quase amassei com as mãos, uma aranha enorme, talvez caranguejeira. O instinto de fuga acionou minhas defesas. Bati em retirada.

Desesperado, iniciei uma escalada apressada para a superfície, quer dizer pulei de pedra em pedra em direção a saída, suando frio, e à medida que eu vencia a enorme subida, parecia que ouvia, ecos de vozes, me seguindo, e gritando, pega e mata. Sem olhar para trás, com o coração disparado e quase sem fôlego, e sem energia cheguei à porta por onde entrei. Os raios de sol do meio-dia, estavam muito quentes quase me cegaram. Acho que neste instante, desmaiei. Acordei com as marolas pequenas e frias do mar, batendo em minhas pernas.

Provavelmente a maré tinha subido. Todo molhado, levantei-me assustado. Neste momento o sol já estava se pondo. Procurei a porta da caverna, para me localizar, e conferir meus sentidos, para minha surpresa, ela não estava mais lá, só encontrei o paredão. Eu tinha certeza do local, e que estive, boa parte do dia, dentro daquela caverna, não havia como estar errado. Mistério, sai em disparada, sem nada entender. E jurando nunca mais voltar para àquela praia…

Autor:

Jaeder wiler 

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