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sábado, 16 de novembro de 2024

A Esperança e a Enchente

“A esperança é sempre a última a morrer”

Esse era o lema do esperançoso Frederico.

Que tinha esperança de dias melhores.

De dias em que não precisaria mais de esperança.

De dias que deram certo.

Do teto de sua casa, pingava a água da chuva.

Água essa que alaga o chão e come a madeira dos móveis,

destrói o rodapé e marca as paredes.

Só não come a esperança de Frederico.

Esperança de que um dia vai parar de chover assim.

Já passou janeiro, chegou fevereiro.

Todo ano é igual, mas todo ano é pior do que o anterior.

Sempre reagindo, nunca se preparando.

Só seguindo, conforme a corrente;

corrente da água da tempestade, que corre

por todo lugar, menos para a represa de sua cidade.

E, enquanto isso, Frederico espera.

Espera esperançoso, e espera que a esperança

seja, de fato, a última a morrer.

Porque, sem ela,

morre ele.

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