“A esperança é sempre a última a morrer”
Esse era o lema do esperançoso Frederico.
Que tinha esperança de dias melhores.
De dias em que não precisaria mais de esperança.
De dias que deram certo.
Do teto de sua casa, pingava a água da chuva.
Água essa que alaga o chão e come a madeira dos móveis,
destrói o rodapé e marca as paredes.
Só não come a esperança de Frederico.
Esperança de que um dia vai parar de chover assim.
Já passou janeiro, chegou fevereiro.
Todo ano é igual, mas todo ano é pior do que o anterior.
Sempre reagindo, nunca se preparando.
Só seguindo, conforme a corrente;
corrente da água da tempestade, que corre
por todo lugar, menos para a represa de sua cidade.
E, enquanto isso, Frederico espera.
Espera esperançoso, e espera que a esperança
seja, de fato, a última a morrer.
Porque, sem ela,
morre ele.