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terça-feira, 23 de abril de 2024

Se quiser bem-feito, pague uma profissional

Dinheiro compra tudo. Essa era, implicitamente, a propaganda do Prozac na década de 90 e a informal do Rivotril atualmente. Digo isso pois muitos dirão ao ler a primeira oração do texto: “dinheiro não compra felicidade, paz etc”. Compra, porém, casa no condomínio fechado, segurança privada, terapeuta, psicotrópicos, amores falsos e duradouros e por aí vai. Dinheiro compra sexo com tempo determinado (ou indeterminado).

Ser amador cansa. É preciso, para não se frustrar com o real, viver sob a troca de capital por ideais. Reside aí o problema do “dinheiro compra tudo”, não na veracidade da afirmação. Ser profissional exige sublimar tudo que faz do real não ideal: transo mal e uma vez por semana porque quero, não sei cozinhar e o faço para não morrer de fome, caminho porque tenho problema no coração sem gostar nada de exercício físico.

Ser profissional é um saco. Você prefere, então, pagar uma prostituta e um terapeuta a tiracolo. Esse não é o lugar da psicanálise, cabe grifar.

Lembra da Copélia, do seriado “[t]oma lá dá cá?”? É ela. Não queremos ser nem contratar profissionais; o real é muito melhor. Seu terapeuta não saber como você se sente, mas estar ao seu lado nessa descoberta, é o bacana. Lembraria de João Artacho Jurado também. Calcanhotto se somaria com seu ódio ao bom gosto.

Minha maior vontade é colocar um lustre de louça rosa-bebê com flores violeta no meio da sala. Um tapete grande sobre o taco com um sofá quase vitoriano apoiado a uma parede branco-encardido. Gosto do feio exuberante. Não sou kitsch, ninguém se engane.

Autor:

Arthur Dartagnan Chaves dos Santos, Psicanalista. Acadêmico de medicina. @arthurdartagnanchaves

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