As antigas crônicas de Heródoto (século V A.C.) já falavam da possível existência de uma “terra desconhecida” nos confins do hemisfério austral; mas foi preciso esperar até o século XIX para que as primeiras expedições científicas alcançassem as costas geladas da Antártica, o continente mais frio e inóspito do globo. As novas terras descobertas receberam o nome pelo qual são conhecidas (do grego anti, “contra”, e arkte, “ursa“) por estarem situadas no hemisfério oposto ao da constelação da Ursa Maior. Existe ainda a designação mais recente de Antártida, por analogia com geônimos do tipo Atlântida.
A Antártica tem uma superfície de aproximadamente 14.200.000km2, incluídas as barreiras de gelo e as ilhas próximas, e se situa em torno do polo sul. O continente tem a forma de uma pera arredondada, com dois lados bem diferenciados a partir da linha imaginária que uniria as duas grandes baías simétricas ocupadas pelos mares de Ross e Weddell. O lado oriental é um extenso planalto, situado, na maior parte, a leste do meridiano de Greenwich; o ocidental se compõe de uma série de ilhas unidas pela calota polar que as recobre e termina num prolongamento estreito, a península Antártica, orientada para o extremo meridional da América. O continente é rodeado pelo oceano Glacial Antártico, antigamente conhecido como “os mares do sul”, e que na realidade consiste na união dos setores meridionais dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
Grande parte dessas águas marinhas se congela, formando em torno do continente uma banquisa circular que, no inverno, chega a alcançar latitudes próximas aos 50º. A América fica a cerca de mil quilômetros da Antártica; a Nova Zelândia, a 2.200 e a África a 3.600. Em geral, é difícil o acesso marítimo ao continente, devido à presença de geleiras flutuantes e banquisas. As principais ilhas pertencentes à Antártica são, ao sul e a sudeste da América, a Alexandre I, a Belgrano (ou Adelaide), a Shetland do Sul, as Órcadas do Sul, as Geórgias do Sul, o arquipélago Sandwich do Sul e a ilha de Berkner, no mar de Weddell; no Atlântico meridional fica a ilha de Bouvet e, ao sul do Índico, estão as do Príncipe Eduardo, Crozet e Kerguelen; por último, ao sul da Austrália, situam-se as ilhas Macquarie, Campbell, Balleny e Roosevelt.
Contra todas as previsões de cientistas, o gelo marinho ao redor da Antártica atingiu um novo recorde de extensão no ano de 2014. Todas as previsões sobre o aquecimento global apontavam para o derretimento das calotas polares, dados de satélite mostram que nunca houve um aumento significativo no gelo marinho.
Em 19 de Setembro de 2014, a média de cinco dias de extensão do gelo marinho antártico ultrapassou 20 milhões de quilómetros quadrados, tratando-se de um recorde
histórico, dado que pela primeira vez ultrapassou a medição feita em 1979, quando começou a série de dados confiáveis desta região.
A tendência, no entanto é apenas cerca de um terço da magnitude de gelo marinho perdido no Oceano Ártico. Segundo, Claire Parkinson, pesquisador da NASA, o novo recorde de gelo marinho na Antártida reflete a diversidade e a complexidade dos ambientes da Terra.
Desde o final da década de 1970, o Ártico perdeu uma média de 53.900 quilómetros quadrados de gelo por ano. Já a Antártida ganhou uma média de 18.900 quilómetros quadrados. Em 19 de Setembro deste ano, pela primeira vez desde 1979, a extensão de gelo marinho antártico ultrapassou sete milhões e 720 mil quilómetros quadrados, de acordo com dados do Centro de Estudos de Neve e Gelo da NASA.
Segundo o instituto a extensão máxima média de gelo na Antártica entre 1981 e 2010 foi de 7,23 milhões de quilómetros quadrados. A média da cobertura de gelo em cinco dias este ano alcançou um pico máximo em 22 de Setembro, quando chegaram a sete milhões 760 mil quilómetros quadrados. Constituindo um ponto máximo na série histórica de registros.
Ao mesmo tempo o gelo no Ártico atingiu um grau mínimo em dez anos. Por que é que há estas tendências que vão a direções opostas? Perguntam-se os pesquisadores do instituto.
Segundo Walt Meier, cientista pesquisador do instituto, esses padrões climáticos fazem com que ar mais gelado concentre-se em algumas áreas típica do local. Já segundo Meier, como nenhuma barreira geográfica de terras limitam a expansão do gelo marinho no Polo Sul, o gelo pode expandir-se facilmente ganhando massa continental.
Os pesquisadores estão investigando uma série de outras explicações possíveis para o fenômeno. Uma delas segundo Parkinson poderia ser encontrada na Península Antártica. Essa plataforma de gelo estende-se em direção à América do Sul com temperaturas mais altas do que no resto do continente. Isto provaria o fato de que no mar de Bellingshausen o gelo diminui.
Em contra partida, a região do Mar de Ross tem ocorrido alguns dos maiores aumentos na extensão do gelo Antártico. Isso sugere, segundo os pesquisadores da NASA, que um sistema de baixa pressão centrado no Mar de Amundsen poderia estar intensificando ou mudando os padrões de vento e circulação de ar quente sobre a Península Antártica, ao mesmo tempo em que está direcionando o ar frio do continente antártico sobre o Mar de Ross.
Referências Bibliográficas
Estação Siple Star Lab (USA)
Estação Vostok, Perfurações no núcleo de gelo (Rússia)
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)