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sábado, 20 de abril de 2024

Real ou ilusão?

Era dia primeiro de julho de 1994, o ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso tinha acabado de desincompatibilizar-se para ter o direito a se candidatar a Presidencia do Brasil, o Ministro da Fazenda empossado Rubens Recupero cumpriu o protocolo e mandou imprimir na casa da moeda as cédulas da moeda do novo plano aprovado pelo Presidente Itamar Franco: o REAL.

O Plano foi um sucesso e a nova moeda bombou por todo o semestre chegando a valer 1,20 USD no ano depois em 31 de março de 1995 e mantendo-se neste nivel por demorado tempo até recuar a 1 Dolar de valor por cada 1 Real no final de 1998.

Nunca o Brasileiro teve tanta oferta de produtos importados como naqueles quatro anos, foi quando surgiram as lojas de “1,99”.

Era porem somente um sórdido plano de marketing para permitir algo absolutamente novo no Brasil e que se tornaria vergonhosamente definitivo, a partir da emenda constitucional numero 16 de 1997, no dia 4 de Junho passou-se a admitir a reeleição por mais de um único período subsequente, e desta forma o astuto FHC foi o primeiro presidente reeleito.

Pedro Malan é o novo Ministro da fazenda e o sonho acabou, o Brasil despencou para o inferno financeiro no qual ainda hoje está, em continua movimentacao descendente destrutiva.

No dia 2 de setembro de 2020, com Paulo Guedes no cargo de ministro da fazenda entrou em circulação a nova cédula no

valor de Reais 200,00, e hoje, na data desta publicação 1 REAL vale apenas 5,64 Dólares Americanos.

Interessante é que nossa MOEDA BRASILEIRA se chame REAL, e alias este foi uma das grandes jogadas de marketing da equipe naquele distante 1994.

O que é REAL, sinônimo de Verdadeiro, autentico, exato, fundamentado, valido, legitimo, sim tudo isto seria o nosso REAL cuja signa no mercado brasileiro corresponde a BRL.

Ao reparar para nova cédula carimbada com o valor de 200 REAIS, decidi profundar este tema lembrando um fato verídico que me envolveu pessoalmente conjuntamente com um dos maiores Bancos Privados Brasileiros.

Estava reunido com uns colegas empresários meus hospedes num famoso restaurante na cidade de Goiania que desejávamos conhecer, quando após solicitar e receber a conta, percebo que não estava com minha carteira, naquele tempo ainda usávamos cheques e dinheiro, foi naquele momento que lembrei e adaptei de imediato para meu caso a vigente legislacao bancaria.

Pedi ao gerente do restaurante de me trazer um guardanapo de papel limpo e uma caneta, e neste guardanapo escrevi : Eu Nazir Angelo Disanto, cpf numero (..), rg numero (..), tenho conta corrente numero (..), no banco BRADESCO, na agencia (..), solicito gentilmente ao gerente da agencia bancaria, pagar o valor de Reais 1.800,00 (Hum Mil Oitocentos Reais) a quem apresentar este guardanapo por mim assinado, sendo que reconheço o valor a ser pago para o Restaurante “L’Etoile d’Argeant” por refeições nesta data.

E assinei solenemente o guardanapo diante dos olhares perplexos dos meus colegas e do gerente.

O Dono do Restaurante, por minha sorte, estava no local, simplesmente aceitou o guardanapo em pagamento, e ligou para o banco, o gerente recebeu por fax (sim existia isto mesmo) uma copia do guardanapo por mim assinado, confirmou minha assinatura e .. mandou um funcionario a quitar o pagamento e a retirar meu documento constando minha ordem ao banco.

Este fato se tornou historia no meio bancário, simplesmente porque eu conhecia a legislação financeira e o Gerente do Banco Bradesco tambem, o cheque não era o único papel com o qual eu podia ordenar um pagamento em minha conta, qualquer papel que contem dados bancarios verdadeiros com meus dados e com a minha assinatura é eficaz para permitir a quem custódia meu dinheiro liberar com segurança para terceiros sobre minha ordem o valor especificado.

De fato minha assinatura naquele guardanapo tinha um valor, definido na ocasião por “Hum Mil e Oito Centos Reais”.

Este é o foco desta matéria, qual o valor de uma obrigação financeira?

Aquele guardanapo tinha um valor real e reconhecido por todas as partes envolvidas na ocasiao, o devedor, o credor, o tesoureiro oficial de meu dinheiro.

No dia 2 de Setembro de 2020, o Banco Central do Brasil colocou em circulação uma nova cédula, no valor de R$ 200,00.

No padrão Ouro, o Banco central é obrigado a converter as “notas bancarias” por ele emitidas atraves a casa da moeda, em OURO ou PRATA, sempre que solicitado pelo cliente. Em vez de circular OURO ou PRATA para nossas transações comerciais, utilizamos “obrigacoes do banco central” que custodia o OURO e a PRATA em seus cofres, e permite que utilizamos estas cédulas para nosso interesse.

A qualquer momento o possessor de uma cédula podia ir no Banco e exigir o VALOR DAQUELA CEDULA em OURO ou PRATA.

Operando no regime de padrão-ouro, o banco central de cada país mantinha grande parte de seus ativos de reserva internacional sob a forma de ouro. A diferença entre as reservas de ouro custodiadas e de propriedade de cada nação refletia, portanto, as suas necessidades comerciais. Isto porque, nesse padrão, os fluxos de ouro financiavam os desequilíbrios nas balanças de pagamentos de cada país.

Se um país fosse deficitário em sua balança de pagamentos, se a soma de bens e serviços importados do exterior fosse superior à soma de bens e serviços exportados pelo país, este deveria corrigir o déficit exportando ouro.

Os países superavitários, por sua vez, tornavam-se importadores de ouro.

Pela regra, a quantidade de reservas de ouro do país determinava a sua oferta monetária.

Se um país fosse superavitário em sua balança de pagamentos, deveria importar ouro dos países deficitários. Isso elevaria sua oferta interna de moeda, levando a uma expansão da base monetária, o que provocaria um aumento de preços, o que, no final das contas, tiraria competitividade dos seus produtos nos mercados internacionais, freando assim, novos superávits.

Já se o país fosse deficitário na balança comercial, exportaria ouro, sofreria contração monetária, seus preços internos baixariam e, no final, aumentaria a competitividade de seus produtos no exterior.

Esta regra internacional se manteve desde 1870 até 1914. E em 1944 houve uma grande mudança nos termos dos “ACORDOS DE BRETTON

WOODS” estabelecendo o padrão “OURO – DOLAR AMERICANO” que se mantive em vigência até 15 de Agosto de 1971, quando de forma unilateral os Estados Unidos aboliram a convertibilidade do Dolar em Ouro e criando o SISTEMA FLUTUANTE.

Desde o desmantelamento do sistema Bretton Woods os regimes de flutuação tendem a propiciar uma concentração dos regimes monetários em torno de três principais moedas: o dólar americano, o euro e o renmimbi (moeda oficial da China).

Houve novas tentativas de restaurar o equilíbrio financeiros entre países com base em novas paridades, mas todas fracassaram e desde 1973, com as modificações introduzidas no convênio constitutivo do FMI, o sistema econômico mundial vive num regime de ausência de paridades correlacionadas, ou seja, o mundo vive sem um Sistema Monetário Internacional real.

Hoje se vou no meu banco com uma CEDULA com a escrita 200 Reais, e peço para o gerente do banco me quitar a obrigacao deste papel, ele não consegue me entregar nada, porque não há mais nenhum valor REAL intrínseco no papel, ainda que assinado pelo tesoureiro do banco central, só pode ser trocado por outro papel no qual consta a mesma obrigacao financeira ou por obrigacao inferior, mas sempre sem nunca chegar ao REAL.

O Banco central do Brasil diz que a cédula VALE 200 REAIS, mas quando vou no banco para exigir receber o REAL me entregam outro papel que diz VALE … Reais, porque não existe nada de REAL, de VERADEDEIRO, de CONFIRMADO, somente existe uma ilusão mercantil pelo qual milhoes de pessoas se esforçam para conseguir obrigacoes inúteis e sem lastro e sem qualquer valor, iludindo-se que um dia este papel vai se tornar algo tangível.

Meu conselho como investidor é transforme esta ilusão em algo REAL deixando de confiar em papeis inúteis que não valem nem o guardanapo por mim assinado.

Autor:

Dr Nazir Angelo Disanto, investor and CEO GRUPO PERLATENDA

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