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Os Dois Lados De Uma Mesma Moeda.

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Biografia de São Paulo, Apóstolo - eBiografia

5entreguem esse homem a Satanás, para que a carne dessa pessoa seja destruída, mas seu espírito seja salvo no Dia do Senhor.

A punição que lhe foi imposta pela maioria é suficiente.
Agora, pelo contrário, vocês devem perdoar-lhe e consolá-lo, para que ele não seja dominado por excessiva tristeza.
Portanto, eu lhes recomendo que reafirmem o amor que têm por ele.

2 Coríntios 2:6-8

É consenso entre os teólogos e estudiosos das Escrituras, que Paulo tenha escrito às cartas aos Coríntios estando na cidade de Éfeso. Também há concordância, quanto aos objetivos, os quais; os conduziram a escrever tais cartas, conquanto; a ideia do extravio de uma terceira carta nem todos concordem, mais ainda, quanto a uma quarta carta esta também extraviada, porém é fato consumado! Paulo era um típico Judeu nascido na cidade de Tarso, educado por Gamaliel, um dos mais expoentes defensores do Judaísmo, além de ter uma personalidade forte, a qual; lhe rendeu o acometimento de grandes erros, ainda; que pensasse estar realizando algo correto. Como por exemplo perseguir os cristãos contribuindo para seu encarceramento, isto; em nome de uma suposta “defesa” da Lei.

Corinto era uma “maquete” quando comparada às megacidades dos dias atuais, além de ser famosa por escoar mercadorias vindas do mediterrâneo em direção à Europa, seus templos famosos, sua mistura de etnias e sua pluralidade ideológica, principalmente ancoradas pela filosofia grega, a tornava; uma cidade ímpar dentro do contexto social de sua época. Corinto era um protótipo de uma grande megalópole de nossos dias. Alguns usavam a expressão: “Corintianizar” uma forma de assemelhar atos indeléveis aos praticados na igreja local, pois; os desvarios e ilicitudes provenientes em seus membros, apenas salientavam suas insanidades conflituosas aos preceitos da sã doutrina.

Enquanto Paulo combatia “o bom combate” e seguia à carreira, nem sempre suas posições refletiram à vontade soberana e a prática ética de Jesus, seu maior e nosso maior exemplo de vida e luz, e quando se depara com um caso de fornicação, reflete dois lados de uma mesma moeda, isto é; ” a mesma mão que bate é a mesma que cura”, numa nítida demonstração da arrogância preconceituosamente humana. Paulo aqui ultrapassou os limites entre a razão e a fé, numa recaída humanizante manda que o tal homem seja “entregue à satanás” não há nos evangelhos, nenhuma atitude semelhante de Jesus, onde tenha se deparado com o erro alheio e tenha tomado ou manifestado tal atitude.

Se por uma lado, o homem de Deus “erra zelando” ele também acerta reconhecendo seus próprios erros, este é um erro de interpretação propagado desvairadamente pela maioria dos evangélicos, ou seja; o machismo de Paulo e o moralismo estressante, certamente paralisam à amplitude das ações discernentes, e o “sangue quente” de Paulo muitas vezes; encobriam uma ilicitude prática, ainda; que com apreciação moralizante e conservadora de muitos. Até que ponto: “entregar uma pessoa á satanás” pode ser uma prova de amor? Penso eu que nunca! Ainda que sirva de bandeira para o fanatismo moral religioso. Jesus se deparou com uma mulher apanhada em flagrante adultério, e pela Lei vigente; ela deveria ser morta, todavia; bem diferente de Paulo em sua rigidez colerizante, Jesus coberto pela lucidez e o amor característico; apenas cala seus acusadores e dá; uma carta de alforria à aquela que estava escravizada pelo pecado e condenada pela Lei. “… Onde estão teus acusadores, ninguém te condenou?”, Nem eu te condeno vai e não peques mais. Penso que a situação enfrentada por Jesus era até pior, que a protagonizada e redigida por Paulo, o ato no caso de Jesus havia acabado de acontecer e a sociedade judaizante, nos dias de Jesus era mais contundentemente moralista, se comparada à sociedade grega protagonista da contemporaneidade de Paulo.

Paulo enfrentava um legalismo filosófico grego, enquanto Jesus; se debatia diante de um Judaísmo moralizante e altamente hipócrita, procrastinador e engaiolado. Eu também, como pastor e líder já me vi envolto aos cometimentos de tais erros, isto é; “em defesa da Lei, da fé e dos bons costumes” perder o verdadeiro sentido do amor e a primazia, característica do amar principalmente; “amar o próximo como a si mesmo”. Quem ama não condena, não subjuga, mas perdoa, restabelece e recria, novas amplitudes de convivência ética e moral, ambas embasadas pelos olhares misericordiosos da fé cristã. Mas, há uma diferença gigantesca entre errar e se converter de seu erro, e errar e continuar errando, em virtude de uma incapacidade visual e espiritual, do amor verdadeiro, e neste interim; Paulo dá um exemplo de uma “conversão” atitudinal, pois; sua segunda carta é uma prova de que errar é normal; mas permanecer errando é uma burrice inconcebível. “… Agora vocês devem perdoá-lo e consolá-lo para que a tristeza não o destrua, ou seja; não o consuma”. Há pessoas e inclusive líderes que ficam felizes, quando outro líder é consumido por profunda tristeza, quando abatido pelo erro cometido, há um sentimento mórbido de ficar feliz com a queda alheia, onde muitos se afirmam e se reafirmam, diante do sofrimento de seu próximo. O primeiro ato de Paulo em sua Primeira carta é uma carnalidade manifesta, ainda que com cara de “espiritualidade” e ” santidade” irreal, já na segunda carta; o Paulo é diferente; amoroso; perdoador; eminentemente reconstituído e profundamente acolhedor. Quantas almas já foram lançadas a ermo, diante de atitudes impensadas e obscurecidas de sabedoria em nome de uma “moralidade” utópica e dilacerante? Quantas atitudes são atribuídas a Deus, quando na verdade são apenas manifestações de uma carnalidade humana? Muitas vezes só se vê as coisas por um único lado e movido por puro sentimentalismo utópico. “Os do Caminho” era como eram conhecidos os primeiros seguidores e discípulos de Jesus, onde uma igreja atirada e itinerante seguia os passos de seu mestre andando e se perguntando: “Em meu lugar o que Jesus faria?”. Jesus lançaria os seus membros problema para satanás, ou os acolheria com amor e graça, afinal; o próprio apóstolo Paulo, se auto denominou, como sendo: “O pior dos pecadores”. Nem por isto foi lançado ao vento, mas sim; se encontrou com Deus no caminho de Damasco, um Deus amoroso e perdoador, “quebra às pernas” de um pecador moral, mesmo porque; o fanatismo religioso também é imoral e paralisante.

Muitas igrejas “pararam no tempo e nos espaço” vivem “engaioladas” respirando ares de contendas pessoais, individuais e destruidoras. “Os do caminho” como eram conhecidos os primeiros cristãos não ficavam emparedados, parados em templos feitos por mãos humanas, mas iam ao encontro das “ovelhas perdidas”, portanto; não tinham tempo para contender e nem se atacar, pois o templo era ambulante, era ativo e proativo, não estatizante e paralisador, paranoico e muitas vezes, “Obsessiva e compulsiva” como Freud a entendia e a definia. Paulo viveu e sentiu os dois lados de uma mesma moeda viu que a mesma mão que exclui é a mesma que chama á convivência, e que o Deus que foi morto na cruz, ressuscitou e vive em nossos corações.

Referências: 2ª aos Coríntios 2:06-08, 1ª aos Coríntios 5:05. Evangelho de João. 3-11.

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O autor é mestrando em Educação. Filósofo, Teólogo, Pedagogo, licenciado em Letras, Historiador. Neuropsicopedagogo, Orientador Educacional, Psicopedagogo, Especialista em Ciência da Religião, Especialista em Teologia Bíblica. Atuou como Teólogo (Igreja Batista), além de Professor de Teologia. Também, é autor do Livro: "As Quatro Estações e a Vida Cristã (períodos Ciclicos) Entre eu e Deus. Editora: Autografia, Rio de Janeiro, 2024.

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