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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Os Dois Lados De Uma Mesma Moeda.

Biografia de São Paulo, Apóstolo - eBiografia

5entreguem esse homem a Satanás, para que a carne dessa pessoa seja destruída, mas seu espírito seja salvo no Dia do Senhor.

A punição que lhe foi imposta pela maioria é suficiente.
Agora, pelo contrário, vocês devem perdoar-lhe e consolá-lo, para que ele não seja dominado por excessiva tristeza.
Portanto, eu lhes recomendo que reafirmem o amor que têm por ele.

2 Coríntios 2:6-8

É consenso entre os teólogos e estudiosos das Escrituras, que Paulo tenha escrito às cartas aos Coríntios estando na cidade de Éfeso. Também há concordância, quanto aos objetivos, os quais; os conduziram a escrever tais cartas, conquanto; a ideia do extravio de uma terceira carta nem todos concordem, mais ainda, quanto a uma quarta carta esta também extraviada, porém é fato consumado! Paulo era um típico Judeu nascido na cidade de Tarso, educado por Gamaliel, um dos mais expoentes defensores do Judaísmo, além de ter uma personalidade forte, a qual; lhe rendeu o acometimento de grandes erros, ainda; que pensasse estar realizando algo correto. Como por exemplo perseguir os cristãos contribuindo para seu encarceramento, isto; em nome de uma suposta “defesa” da Lei.

Corinto era uma “maquete” quando comparada às megacidades dos dias atuais, além de ser famosa por escoar mercadorias vindas do mediterrâneo em direção à Europa, seus templos famosos, sua mistura de etnias e sua pluralidade ideológica, principalmente ancoradas pela filosofia grega, a tornava; uma cidade ímpar dentro do contexto social de sua época. Corinto era um protótipo de uma grande megalópole de nossos dias. Alguns usavam a expressão: “Corintianizar” uma forma de assemelhar atos indeléveis aos praticados na igreja local, pois; os desvarios e ilicitudes provenientes em seus membros, apenas salientavam suas insanidades conflituosas aos preceitos da sã doutrina.

Enquanto Paulo combatia “o bom combate” e seguia à carreira, nem sempre suas posições refletiram à vontade soberana e a prática ética de Jesus, seu maior e nosso maior exemplo de vida e luz, e quando se depara com um caso de fornicação, reflete dois lados de uma mesma moeda, isto é; ” a mesma mão que bate é a mesma que cura”, numa nítida demonstração da arrogância preconceituosamente humana. Paulo aqui ultrapassou os limites entre a razão e a fé, numa recaída humanizante manda que o tal homem seja “entregue à satanás” não há nos evangelhos, nenhuma atitude semelhante de Jesus, onde tenha se deparado com o erro alheio e tenha tomado ou manifestado tal atitude.

Se por uma lado, o homem de Deus “erra zelando” ele também acerta reconhecendo seus próprios erros, este é um erro de interpretação propagado desvairadamente pela maioria dos evangélicos, ou seja; o machismo de Paulo e o moralismo estressante, certamente paralisam à amplitude das ações discernentes, e o “sangue quente” de Paulo muitas vezes; encobriam uma ilicitude prática, ainda; que com apreciação moralizante e conservadora de muitos. Até que ponto: “entregar uma pessoa á satanás” pode ser uma prova de amor? Penso eu que nunca! Ainda que sirva de bandeira para o fanatismo moral religioso. Jesus se deparou com uma mulher apanhada em flagrante adultério, e pela Lei vigente; ela deveria ser morta, todavia; bem diferente de Paulo em sua rigidez colerizante, Jesus coberto pela lucidez e o amor característico; apenas cala seus acusadores e dá; uma carta de alforria à aquela que estava escravizada pelo pecado e condenada pela Lei. “… Onde estão teus acusadores, ninguém te condenou?”, Nem eu te condeno vai e não peques mais. Penso que a situação enfrentada por Jesus era até pior, que a protagonizada e redigida por Paulo, o ato no caso de Jesus havia acabado de acontecer e a sociedade judaizante, nos dias de Jesus era mais contundentemente moralista, se comparada à sociedade grega protagonista da contemporaneidade de Paulo.

Paulo enfrentava um legalismo filosófico grego, enquanto Jesus; se debatia diante de um Judaísmo moralizante e altamente hipócrita, procrastinador e engaiolado. Eu também, como pastor e líder já me vi envolto aos cometimentos de tais erros, isto é; “em defesa da Lei, da fé e dos bons costumes” perder o verdadeiro sentido do amor e a primazia, característica do amar principalmente; “amar o próximo como a si mesmo”. Quem ama não condena, não subjuga, mas perdoa, restabelece e recria, novas amplitudes de convivência ética e moral, ambas embasadas pelos olhares misericordiosos da fé cristã. Mas, há uma diferença gigantesca entre errar e se converter de seu erro, e errar e continuar errando, em virtude de uma incapacidade visual e espiritual, do amor verdadeiro, e neste interim; Paulo dá um exemplo de uma “conversão” atitudinal, pois; sua segunda carta é uma prova de que errar é normal; mas permanecer errando é uma burrice inconcebível. “… Agora vocês devem perdoá-lo e consolá-lo para que a tristeza não o destrua, ou seja; não o consuma”. Há pessoas e inclusive líderes que ficam felizes, quando outro líder é consumido por profunda tristeza, quando abatido pelo erro cometido, há um sentimento mórbido de ficar feliz com a queda alheia, onde muitos se afirmam e se reafirmam, diante do sofrimento de seu próximo. O primeiro ato de Paulo em sua Primeira carta é uma carnalidade manifesta, ainda que com cara de “espiritualidade” e ” santidade” irreal, já na segunda carta; o Paulo é diferente; amoroso; perdoador; eminentemente reconstituído e profundamente acolhedor. Quantas almas já foram lançadas a ermo, diante de atitudes impensadas e obscurecidas de sabedoria em nome de uma “moralidade” utópica e dilacerante? Quantas atitudes são atribuídas a Deus, quando na verdade são apenas manifestações de uma carnalidade humana? Muitas vezes só se vê as coisas por um único lado e movido por puro sentimentalismo utópico. “Os do Caminho” era como eram conhecidos os primeiros seguidores e discípulos de Jesus, onde uma igreja atirada e itinerante seguia os passos de seu mestre andando e se perguntando: “Em meu lugar o que Jesus faria?”. Jesus lançaria os seus membros problema para satanás, ou os acolheria com amor e graça, afinal; o próprio apóstolo Paulo, se auto denominou, como sendo: “O pior dos pecadores”. Nem por isto foi lançado ao vento, mas sim; se encontrou com Deus no caminho de Damasco, um Deus amoroso e perdoador, “quebra às pernas” de um pecador moral, mesmo porque; o fanatismo religioso também é imoral e paralisante.

Muitas igrejas “pararam no tempo e nos espaço” vivem “engaioladas” respirando ares de contendas pessoais, individuais e destruidoras. “Os do caminho” como eram conhecidos os primeiros cristãos não ficavam emparedados, parados em templos feitos por mãos humanas, mas iam ao encontro das “ovelhas perdidas”, portanto; não tinham tempo para contender e nem se atacar, pois o templo era ambulante, era ativo e proativo, não estatizante e paralisador, paranoico e muitas vezes, “Obsessiva e compulsiva” como Freud a entendia e a definia. Paulo viveu e sentiu os dois lados de uma mesma moeda viu que a mesma mão que exclui é a mesma que chama á convivência, e que o Deus que foi morto na cruz, ressuscitou e vive em nossos corações.

Referências: 2ª aos Coríntios 2:06-08, 1ª aos Coríntios 5:05. Evangelho de João. 3-11.

Claudinei Telles
Telles
O autor é Mestrando em Ciências Educacionais (UNIVERSIDADE LEONARDO DAVINCI - PY). Bacharel em Teologia. (Faculdade Teológica Sul americana - FTSA). Licenciado em: Filosofia, Teologia, História e Pedagogia. E especialista em: Orientação Educacional, Teologia Bíblica, Ciência da Religião e Neuropsicopedagogia. Atuou por alguns anos, no Ministério Pastoral, Ensino de Teologia e Educação secular, nos níveis Fundamental e Médio.

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