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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Quem nos vê?

Uma comunidade chamada Bolívia. O gueto. Atrás dela, uma quadra. Papel, saco, apenas os meninos, chinelos e a trave. Partida de futebol. Gargalhadas rolam no meio do jogo. Meninos correm, abrilhantam o time e a torcida vibra. A bola rola, torcida agita e surge o gol. “gol”! E volta-se a jogar, passa a bola, bate na trave, bola fora. e cada um conhece seus parceiros. a bola rola ao som da favela. Torcida agita. Na brincadeira de criança da favela, não é só polícia e ladrão, no meio da quadra tem muita diversão.

Do outro lado da rua, vários corpos giram no ar. Corre daqui, corre de lá, pulam muros, invadem casas, se escondem atrás de paredes, invadem o manguezal, corre, corre, os homens chegaram. Por um minuto, os pés parecem tocar nos fuzis dos policiais. Corpos negros desejados pelo desejo do sexo frágil. Bocas pintadas sob o olhar entristecedor de uma criança. Corpos negros que limpam suas casas, fazem suas comidas e tomam conta de seus filhos. Só corpos negros. Muito triste de ver, mas fazer o quê?

Inúmeros rostos sem sonho, sem vontade, sem alegria. Você não vê? Outras bolas rolarão, outros gols farão. Novas crianças, novas possibilidades surgirão, ainda que por um breve momento. E então, mais do que corpos, mais do que estatísticas, mais do que povo, mais do que favela eles serão. Serão chamados: o motorista Marivaldo, Marcos, o jogador, Antônio, o advogado, Alex, o doutor. Rayssa a professora, Islane a empresária, Kamila, a juíza e Eliete a PMF( Polícial). Temos tantas possibilidades, mas quem nos vê? Todos os dias somos corpos. Corpos negros em busca de um futuro melhor.

Mas quem nos vê?

Autoria:

Alunos do 6º ano da Escola Municipal Clemenceau Teixeira, Valença-Bahia, sob orientação da professora Elaine de Jesus dos Santos.

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