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quarta-feira, 24 de abril de 2024

O bolsonarismo e o grito pelo direito de não ter direito

No último dia 7 se setembro, o Brasil registrou diversas manifestações em apoio ao então presidente da República Jair Messias Bolsonaro. Nada de novo sob o sol, afinal, o direito à livre manifestação é algo próprio de uma democracia e salutar enquanto exercício que instiga ideias divergentes, fazendo, em certa medida, com que a política venha a ser um assunto do cotidiano do/a brasileiro/a dado a visibilidade jornalística que tais atos costumam suscitar.

Não raras vezes, quando se fala em afrontas à Constituição Federal, costumamos não delegar a isso muita importância devido a nossa presunção de inviabilidade da violabilidade factível de um possível rompimento com a democracia, em larga escala. Ocorre que as manifestações bolsonaristas deste último 7 de setembro, apontam para um número expressivo de pessoas bradando por intervenção militar, derrubada de ministros do Supremo e fechamento do Congresso Nacional. Segundo a Revista Veja, mais de 400.000 pessoas compareceram em frente à Esplanada dos Ministérios.

Esse número precisa de atenção e não pode ser subestimado. É preciso já, acabar com a falácia de que Bolsonaro é ignorante e não sabe o que está falando ou dizendo, pois seus discursos se articulam perfeitamente com seus objetivos de minar a democracia sob a égide da liberdade de expressão para atacar grupos minoritário e subalternizados. O mais cômico, se não fosse trágico, é que seus seguidores, ao contrário dele, não percebem que quando pedem intervenção militar, por exemplo, estão gritando pelo direito de não ter direito, pois se estivessem dentro do mundo que exigem, jamais poderiam ir às ruas pedir qualquer que fosse o tipo de mudança e/ou reinvindicação.

É preciso lembrar que nenhum incêndio começa grande! A expressividade dos números nos mostra que a democracia pede atenção. Quando alguém chora emocionado, como vimos em vídeos que circulam nas redes sociais, gritando por um Estado sitiado, isso remete à duas possibilidades: ou não sabem o que foi o AI-5, ou agem de má fé conscientemente, porém inconscientemente não percebem que nesse caso o grito é pelo desejo de não poder gritar. Dessa forma, o suprassumo da supressão da livre expressão é a inexpressão daqueles/as que tendem a ser suprimidos/as.

Autor:

Anderson L. Gonzalez; Pedagogo e mestrando em Educação.

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