“O povo assistiu àquilo bestializado, atônico, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada.” Com essas palavras Aristides Lobo, descreveu os acontecimentos daquele fatídico dia de 15 de novembro de 1889. A república brasileira nascera de um golpe de estado perpetrado pelos militares do exército, a monarquia deu lugar ao regime republicano.
Naquele dia, os acontecimentos que fizeram a monarquia ser derrubada e o forçado exílio da Dinastia Imperial, não contou com manifestação e apoio por parte da população. Alheio aos acontecimentos no Paço Imperial, a monarquia caiu, a república nasceu e tragicamente o povo assistiu, sem compreender a gravidade dos atos políticos, que estava se desencadeando.
132 anos depois nada parece ter mudado, o povo brasileiro continua “deitado (dormindo) eternamente em berço esplêndido” mesmo com uma tenebrosa contagem de mortos pela Covid-19. O Sr. Presidente da República, Jair Bolsonaro, age deliberadamente para provocar um aumento das contaminações pelo vírus.
Desde o início da pandemia no Brasil, março de 2020, tem assumido um discurso negacionista, defendendo um “kit Covid” que deveria ser chamado de “kit ilusão” por não ter nenhuma eficácia comprovada contra o vírus que assola a população, pelo contrário, entidades internacionais, como OMS (Organização Mundial de Saúde), não incentivam o uso de tal medicamento.
Além da cloroquina, ataca os governadores e prefeitos, ataca as medidas restritivas, ataca o uso de máscara, provoca aglomerações. Bolsonaro deliberadamente provoca o caos em todo o país e o resultado dessas ações é contabilizada pelo Ministério da Saúde com o lastimável número de 259.271, registrado até o dia 04/03/21. O brasileiro morrendo “afogado no seco” por falta de oxigênio, sem leitos de UTI, recordes diárias de mortes e o senhor Presidente da República em um “descontraído e alegre almoço” com direito a leitão assado no Palácio do Planalto com parlamentares mineiros.
Esta é a verdadeira face do mandatário máximo da Nação, em suas próprias palavras “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”. As perguntas que ficam é: Onde está o povo que não se manifesta? Onde estão os líderes políticos que deixam o Brasil ser lançado do penhasco? Onde estão os empresários que não agem vendo o Brasil caís da 9ª para a 12ª economia do Mundo?
Os bestializados do século 21 somos nós que, mesmo vendo os crimes cometidos por Jair Bolsonaro, não nos manifestamos para pressionar o Congresso Nacional a fazer uso dos meios constitucionais, por meio de um processo de impeachment, para expulsar da presidência da república, o criminoso que hoje a ocupa. Bolsonaro não pode fugir dos seus crimes, e terá que ser julgado pelo que cometeu, crime de Lesa-Pátria e Lesa-humanidade.
AUTOR
Prof. Weslen Martins
Acadêmico do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em História do Brasil – UCAM
Wesley, interessante e desafiador seu pensamento, que estes sinais de “bestas” existenciais, se desfaçam com a chegada de um novo Brasil surgido das cinzas de uma ilusão.
O Brasil tem uma saída, seguindo a carta constitucional, é de importância sem igual iniciar um processo de impeachment como o presidente. Não possível o país ter que suportar até 2022 alguém que rasga o que jurou proteger, as leis da República.