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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Debaixo Do Sol II

“O que foi isso é o que há de ser, e o que se fez isso se tornará a fazer, de modo que nada há novo debaixo do sol”. i

Em uma conversa entre a noite e o dia, após o cair do sol, o dia se aproxima da noite e diz: Noite, que dia! Ao qual, à noite lhe responde:

– dia, o que há com você até parece que seu dia não foi bom?

– após um olhar desviado, meio que desvairado, submerso em seus pensamentos, o dia com resiliência altaneiramente enfadonha, lhe responde:

– noite, estou me sentindo cansado, o dia passou tão demorado, que até pensei em parar! Pois, a “vida debaixo” do sol, é cheia de insights, muita correria de um lado a outro, vejo nos olhos das pessoas, um pesar triste e revolto, enquanto o dia se despejava em seus sentimentos, antes que
chegasse ao fim de seu ponderamento, eis que a noite o interrompe como num aparte com viés ideológico, lhe olha nos olhos e diz:

– Pois é meu caro dia! A cada dia que te vejo, sinto o passar do dia, como um grande lampejo de vivências sem fim, pois; Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho “debaixo do sol”? “Uma geração vai e outra geração vem, mas a terra para sempre permanece” E nasce o sol, e volta ao seu lugar de onde nasceu o vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte, continuamente vai girando o vento e volta ele fazendo os seus circuitos. Todas estas coisas se cansam tanto que ninguém o pode declarar, os olhos não se fartam de ver e nem os ouvidos de ouvir. Enquanto à noite, replicava o dia, o dia se pautava pensativo, viajando em seus pensamentos, pois à noite o ouvia e o perscrutava como a sabedoria da coruja que desatinadamente, pairava em seu recanto escuro. De repente, numa pitada de sabedoria, em meio à cálida escuridão noturna, a noite sussurra nos ouvidos de seu amigo dormente esperando sua hora chegar.

– Sabe amigo, Todos os ribeiros vão para o mar, e, contudo, o mar não se enche, que tal; essa lição de sabedoria, a qual; pautada em minha consciência, obtive – a “debaixo do sol?” Realmente; a mesmice da vida “debaixo do sol” produz insolente repetições sem fim. Enquanto a noite se movia em sua órbita espacial, o dia continuava a lhe dizer:

– Amiga, como é bom ter alguém para nos ouvir, nos compreender e repartir, ainda que sejam horas com fim delimitado, diferente da vida “debaixo do sol”, que parece que não tem mais fim!

Observando uma estrela a brilhar na imensa escuridão do céu, a noite voltou a falar: Um homem debaixo do sol, certa feita escreveu: “Um dia faz declaração há outro dia, e uma noite, revela sabedoria a outra noite”, noite e dia, dia e noite, se alteram no ciclo da vida dos homens, para que “debaixo do sol”, aprendam a contar os seus dias!

Após ouvir o crocito do animal passivo, o dia, prestes a voltar ao seu circuito, pensando com seus botões, exala seu pensar intrínseco:

– belas palavras querida noite! Quantos dias e noites se passaram, nos quais, apesar de nossos lugares trocares, nunca nos encontramos para conversar. Foram tantos os enfados “debaixo do sol”, que chegou a noite, e nem imaginei, como é bom conversar com alguém! Antes que se termine a noite, dia tenho algo a lhe dizer:

– conheci um homem, penso que há mais de dois mil anos atrás, o qual escreveu: Apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria, e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim, a saber, que também isto, é aflição de espírito.

– Amiga, onde tu viste estas coisas? Indagou o premisso dia! Apesar do dia ser claro, não enxerguei a vida com tamanha clareza! Ás vezes, estar sozinho no alento da noite, é ter a percepção que o dia sufoca por conta da agitação e correria, que bom seria, se de dia, um dia, eu me tornasse noite. Cujo pensar a noite respondeu:

– Dia, meu amigo; não se engane! Já ouviu dizer que a noite é uma “criança?” Ela é tão criança que as coisas acontecem, e ela não vê! Pois, a noite esconde muitas coisas “debaixo do sol”, como sujeiras por debaixo do tapete. A noite os ladrões minam e roubam, nas caladas da noite. À noite os jovens se esparramam e aglutinações, cheias de ilusões, em transe na passagem da noite, uma pedra aqui, uma dose lá, e por aqui, eu vejo; o esbanjar da vida, se derretendo como a luz do sol a bater nas geleiras do continente gelado.

– Durante a noite, homens se dispersam pela madrugada desvairadamente, montados num móvel em duas rodas, rodando pelos asfaltos planos da cidade cruzando os caminhos, daqueles que ainda, se despertando, se preparando para enfrentar sua lida, porém, enquanto a condução não vem esses sem corações enxertados pelas pedras da escuridão esquadrinha o ser trabalhador, rouba seu celular, mais do que roubar, expõe sua triste dor! Portanto, querido amigo, ser noite; também tem seus ardis no expandir da vida “debaixo do sol.” Seja o que você for, dia, noite, entardecer ou anoitecer. Nunca pare de caminhar adiante. Porque, quando parar o sol, e quando não terminar a noite. Só nos restará, o ter vivido, debaixo do sol.

i Eclesiastes 1:09.

Claudinei Telles
Telles
O autor é Mestrando em Ciências Educacionais (UNIVERSIDADE LEONARDO DAVINCI - PY). Bacharel em Teologia. (Faculdade Teológica Sul americana - FTSA). Licenciado em: Filosofia, Teologia, História e Pedagogia. E especialista em: Orientação Educacional, Teologia Bíblica, Ciência da Religião e Neuropsicopedagogia. Atuou por alguns anos, no Ministério Pastoral, Ensino de Teologia e Educação secular, nos níveis Fundamental e Médio.

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