O presente artigo tratará sobre as percepções advindas das experiências com o Moodle no apoio ao ensino presencial em uma escola situada no Sertão do Estado de Pernambuco.
Desde 2019, com a implementação de uma solução educacional LMS na Escola Técnica Estadual Professor Francisco Jonas Feitosa Costa, localizada no município de Arcoverde, no Estado de Pernambuco, que, a princípio, não era vista como uma solução para um caso de suspensão de aulas como no contexto da Pandemia, mas acabou sendo, e que seria útil para o apoio às práticas de sala de aula invertida, que já vinham sendo planejadas pelos professores, sobretudo os das áreas de linguagens e ciências da natureza.
O Moodle, num primeiro momento, no primeiro trimestre de 2019 após ser implementado, acabou servindo basicamente para a aplicação de avaliações internas, pois, devido ao pouco tempo e da correria das aulas presenciais, não haviam momentos para que pudéssemos por todos os educadores da escola para praticarem, os momentos formativos foram poucos, até a Pandemia, momento em que tivemos que intensificar os ciclos formativos que foram feitos virtualmente por meio de plataformas web como Google Meet e Zoom.
Um dos principais resultados de toda essa experiência foi o ganho em aprendizado que obtivemos ao manusear as ferramentas e recursos do Moodle, mesmo sem nunca termos sido especialistas em TI, ou em programação, tudo com base em muitos tutoriais disponíveis na internet, sobretudo no Youtube, e descobrimos diversos meios de potencializarmos o aprendizado por meio do Moodle.
No início da Pandemia, hospedamos o Moodle na rede mundial de computadores para que os estudantes e professores pudessem ter acesso de casa, pelo endereço avaetearcoverde.com.br, pois até então o Moodle funcionava somente na rede interna da escola, e, a partir desse momento uma rotina diária de ligações telefônicas, Lives no Youtube e web reuniões se estabeleceu para que pudessem instruir os professores no uso das ferramentas e recursos, pois os mesmos, em sua maioria, só haviam manuseado o recurso do questionário até o momento.
O Moodle, que não foi pensado para ser efetivamente uma escola virtual em 2019, mas sim um apoio a atividades híbridas, se transformou na nossa escola remota, com todos os professores, alunos, turmas e componentes curriculares respectivamente alocados, somando, ao final de 2020 mais de 7 mil atividades, 800 usuários cadastrados e 141 cursos, que eram as salas virtuais dos componentes.
Sabe-se que no ensino técnico, sobretudo com jovens dos cursos da modalidade técnicas integrada ao médio, pertencentes à faixa etária entre 15 e 19 anos, faz-se necessário o uso de abordagens pedagógicas com um viés mais moderno, pois, lidamos diretamente com nativos digitais a quem os métodos de educação tradicionais não surtem mais efeitos. E, a coordenação escolar sempre esteve atenta ao sucesso comprovado desses novos métodos e técnicas educacionais sociointeracionistas, assumindo o compromisso de realizar esses ciclos formativos antes mesmo das soluções disponibilizadas pela Secretaria de Educação.
O Moodle, integrado com as redes sociais da escola, dava visibilidade às ações e conquistas dos alunos, de forma gamificada, inclusive, utilizando plugins de gamificação do AVA, contribuindo para o engajamento dos estudantes que acessavam diariamente para comprir as atividades assíncronas durante a Pandemia, e que eram acompanhados pelos professores sincronamente por meio de reuniões online do Google Meet ou no Zoom.
O Moodle se mostrou um poderoso instrumento de integração entre as disciplinas, no cenário pandêmico, professores dos componentes curriculares propedêuticos e técnicos tiveram a chance de conversarem mais de alinharem abordagens interdisciplinares, mostrando a função da matemática no curso de Logística e Redes de Computadores, por exemplo, conectando os assuntos sobre elementos químicos e os componentes de hardware.
Com o tempo, pode-se perceber que o Moodle e seus plugins poderiam proporcionar uma análise mais apurada da situação da aprendizagem de cada turma e de cada aluno, propiciando um ensino personalizado, as planilhas e gráficos gerados a partir dos questionários aplicados permitiam a tomada de decisões e intervenções pedagógicas. Os processos de Analytics na educação técnica integrada ao ensino médio nos fizeram vislumbrar grandes processos de transformação da prática pedagógica docente, não só nas escolas técnicas, como nas demais escolas do país, fazendo-se necessário que essas experiências sejam espraiadas pelo país, a fim de formar os docentes e coordenadores pedagógicos com as tecnologias e práticas da sociedade 4.0.
Todo esse processo possibilitou uma elevação na proficiência do alunado que foi mensurada através das avaliações internas, que foram todas aplicadas virtualmente pelo Moodle, e que certamente seria refletida nas avaliaç?os externas, que não houveram por conta das medidas de prevenção contra a Covid-19.
Daniel dos Santos Rocha. Mestrando em Tecnologia e Gestão em Educação a Distância pela UFRPE. Coordenador de Integração Escola Empresa na ETE Professor Francisco Jonas Feitosa Costa.